terça-feira, 1 de junho de 2010

De onde vêm nossos celulares

10 suicídios este ano na China nas linhas de montagem de Dell, Apple e Sony, não são suficientes para conduzir uma investigação sobre condições de trabalho naqueles país por parte dos organismos de direitos humanos internacionais. Na terra de números bilionários entretanto, a taxa anual de suicídios por 100 mil habitantes, segundo reportagem da CNN online, é de 14 pessoas o que levou grande fabricantes da tecnologia da informação a acenderem seus alertas e iniciarem uma pesquisa sobre como andam as bases sobre as quais se sustentam bilhões e bilhões de dólares em informação. É compreensível: Em tempos contemporâneos, imagem é dinheiro.



Marxismo contemporâneo

Karl Marx filósofo alemão, diria tratar-se de uma releitura de sua obra vastíssima, onde a estrutura econômica determina o pensamento e onde o trabalhador atua como engrenagem num sistema desigual e cruel. Enquanto parte do processo, é alienado de sua condição humana, relacionando-se de forma mecânica com o objeto de seu esforço, pagando com seu tempo a oportunidade de comprar seu sustento.

O que Marx não viveu para assistir foi à evolução perversa do mecanismo de controle, transcendendo o que este chamou de superestrutura e firmando-se como projeto de subjetividade coletiva até estabelecer-se como oásis da sociedade imagética. É preciso ser visto para ser. Um arsenal eficiente foi montado em cada esquina, sob a égide do consumo de massa, vendendo identidades a granel ,em que pese o culto ao objeto como legitimador do indivíduo.E quem não quer um artefato com esse poder?


Como um passe de mágica

A lógica capitalista vai além, subvertendo-se em verdades instantâneas, onde o afastamento do humano é o grande responsável pela busca desenfreada pelo poder da matéria, por abarcar em mãos o sentido do ser, congregando paz, felicidade, beleza e força em

centímetros de matéria plástica reluzente, a tela luminosa com que alcanca-se o mundo todo com um clique.

Como diria a peca publicitária de uma grande operadora celular: É como mágica. Destituídos do direito de escolha, homens mulheres e crianças nadam a esmo num mar de in formações, sem que compreendam seu sentido, captem o fio da meada.Em vez disso voltam seus olhos ao novo, fantástico e extraordinário lançamento do mercado, que, dizem ironicamente os anunciantes, sendo feito aos milhões, foi exclusivamente para eles.



Comunicação invertida

Muito longe de seus olhos, chineses a granel produzem mais e mais objetos do desejo. Nos intervalos comem, bebem e dormem em suas fábricas que vão espalhar pelo mundo as evoluções tecnológicas do dia. Vários, gratos pela condição presente de salários e clausura ainda assim muito melhor que o resto dos bilhões que se acotovelam do lado de fora.

Outros, engrenagens erradas no processo fabril, rompem o sistema, perdem a validade, suicidam-se. Para os consumidores daqui do ocidente 10 chineses não chegam a

encher um caminhão. São poucos perto do universo de consumo que representam.

Ainda assim, nas mãos de 90% dos cidadãos do planeta repousam o resultado de seus esforços, sem que ambos tenham consciência disso.A grande ironia ou o toque dramático é que esses objetos são ou deveriam ser em maioria, instrumentos de comunicação.



A matéria da CNN:



CNN_Suicidios em Fábrica na China

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